Mulheres que Inspiram - Barbara McClintock
- Beatriz Rocha
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- Aug 9, 2022
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Nascida em 16 de Junho de 1902, em Hartford - Connecticut, Barbara McClintock fazia parte de uma família de imigrantes britânicos, e era a terceira de quatro filhos. Seu pai era médico, e para conseguir se estabilizar na profissão, Barbara teve que ir morar com seus tios em Nova York, reduzindo as despesas da família.
Durante seu ensino médio, onde frequentou a Erasmus Hall High School, McClintock reafirmou seu amor pela ciência - ela formou em 1919, e expressou seu desejo de fazer graduação na Universidade Cornell. No entanto, ela quase não foi para a faculdade: ela era uma estudante brilhante, mas sua mãe acreditava que um diploma afetaria suas chances de se casar, e vetou o plano dela. Felizmente, o pai de Barbara retornou de seu trabalho na França à tempo de intervir - aos 17 anos, ela entrou na Universidade e se destacou entre os estudantes.
Foi lá que Barbara fez o curso que mudou sua vida, o de genética. O curso era baseado em um similar oferecido na Universidade de Harvard, e foi ministrado por Claude B. Hutchison, um cultivador de plantas e geneticista. Ele ficou impressionado com o interesse da jovem estudante, e telefonou para convidá-la a participar do curso de pós-graduação em genética, também na Universidade Cornell, em 1922.
Em 1941, Barbara aceitou um trabalho no Laboratório Cold Spring Harbor, uma instituição de pesquisa em Nova York. Em suas primeiras pesquisas, McClintock começou a estudar o padrão mosaico de cor no milho em nível genético - ela investigava as diferenças entre as células dos grãos de cores diferentes, o que uma havia ganhado, o que as outras haviam perdido e por aí vai… Depois de muitas horas de observação das células de milho no microscópio e muita pesquisa, Bárbara percebeu que grãos de cores diferentes têm os mesmos genes que os grãos tradicionais, porém são rearranjados de maneiras diferentes.
Ela fez o primeiro mapa genético do milho e demonstrou a importância do telômeros – porção final dos cromossomos – para divisão celular. Esse rearranjo dos genes era possível por causa dos tais “elementos controladores” que Bárbara descobriu, e que mais tarde ficaram conhecidos na literatura científica como Elementos de Transposição. Esses elementos controlam de forma precisa a expressão genética. A mudança de posição nos cromossomos alterava a síntese de determinado pigmento – explicando porque as espigas às vezes possuem milhos de várias cores.
Mas Bárbara também observou que esse movimento dos elementos de transposição só acontecia quando as células eram submetidas a algum estresse. Esse efeito por si só já era inovador e interessante, mas representava muito mais, significava que os genomas não eram estáveis como se acreditava até então. A descoberta de Bárbara significava uma grande revolução na genética.
Ela foi muito questionada, mas seus argumentos eram irrefutáveis e a seriedade da sua pesquisa foi reconhecida pela comunidade acadêmica, ainda que 30 anos após ter obtido seus resultados mais primordiais.
Bárbara McClintock recebeu o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia em 1983. Hoje já se sabe que quase a metade do genoma do mosquito da dengue, o famoso Aedes aegypt, é composta por elementos de transposição e também que esses tais "genes saltitantes" também estão presentes no DNA humano.
- por Beatriz Rocha
Referências:
Cornell University Library (ed.). «A cytological and genetical study of triploid maize»
Comfort, Nathaniel C. (2003). The Tangled Field: Barbara McClintock's Search for the Patterns of Genetic Control. Harvard: Harvard University Press.
https://www.nobelprize.org/womenwhochangedscience/stories/barbara-mcclintock





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