Mulheres que Inspiram - Lise Meitner
- Beatriz Rocha
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- Aug 9, 2022
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Lise Meitner nasceu na Áustria em 1878, sendo a terceira de oito filhos de uma família judaica. Aos 23 anos, tentou mas não conseguiu estudar na Universidade de Viena devido às restrições para as mulheres no sistema educacional austríaco.
Na época era bastante incomum para as mulheres cursarem o ensino superior, mas Meitner, tinha aprovação e o apoio de seus pais, e viu no ensino privado a oportunidade de prosseguir seus estudos com o apoio financeiro deles. Conseguiu, enfim, ingressar nas Universidades de Viena e Berlim em 1901. Foi aluna de Ludwig Boltzmann (na Áustria) e após conquistar o titulo de doutorado em 1906 ela foi para Berlim estudar com Max Planck, este último um dos o autores da teoria quântica. Não se casou (algo também atípico para a época) e dedicou sua vida inteiramente a Física.
Lise, estudou radioatividade e física nuclear, tendo participado da descoberta da fissão nuclear. Ela foi para Berlim em 1907, onde conheceu Albert Einstein e participou de palestras de Planck, o qual já havia se recusado a ensinar às mulheres, mas depois de um ano, ela se tornou sua assistente e associou-se ao químico Otto Hahn. De sua associação com Hahn rederam vários frutos como a descoberta de vários novos isótopos, e em 1909 apresentaram dois trabalhos sobre a radiação beta.
Em 1917 ela recebeu sua posição de prestígio na Academia de Física, pois no mesmo ano se tornou chefe do departamento de física do Instituto Kaiser Wilhelm em Berlim, hoje Instituto Max Planck e codiretora, junto com Otto Hahn. Ela e Hahn eram uma equipe produtiva. Eles descobriram o primeiro isótopo de vida longa do elemento Protactínio, um dos elementos mais radioativo da tabela periódica.
Lise isolou a causa da emissão de superfícies atômicas de elétrons com energias de “assinatura” em 1923 mas o cientista francês Pierre Auger fez a mesma descoberta independentemente em 1925 e seu nome foi anexado ao fenômeno, que consiste em um átomo neutro liberando um elétron de sua camada eletrônica, provocando a emissão de outro elétron. Com a descoberta do nêutron no início da década de 1930, a comunidade científica começou a especular que poderia ser possível criar elementos mais pesados que o urânio (U238) no laboratório.
Uma corrida para confirmar isso começou entre Ernest Rutherford, na Grã-Bretanha, Irene Joliot-Curie, na França, Enrico Fermi, na Itália e a equipe Meitner-Hahn, em Berlim. Quando Adolf Hitler chegou ao poder em 1933, na Alemanha, Lise e Otto atuavam cada um em uma chefia de departamento no Instituto Kaiser Wilhelm, em Berlim. Sua cidadania austríaca a protegeu, mas outros cientistas judeus – incluindo seu sobrinho Otto Frisch - deixaram a Alemanha.
Lise enterrou-se em seu trabalho, mas quando a Áustria foi anexada pelo regime nazista, ela teve que fugir. Ela tinha 59 anos quando chegou na Suécia, onde trabalhou com Niels Bohr. Mais tarde naquele ano, encontrou Hahn secretamente em Copenhague, para planejar uma nova série de experimentos. Hahn realizou as experiências que isolaram a evidência de fissão nuclear, achando que o bombardeamento de nêutrons produziu elementos que eram mais leves do que o Urânio. Mas ele foi o único creditado por esses resultados, pois acreditavam que ele estava trabalhando sozinho.
Lise e Frisch rapidamente apresentaram uma teoria que explicava a fissão nuclear, resolvendo o problema-chave de Hahn. Ele publicou a evidência química de fissão sem listar Lise como coautora.
Tia e sobrinho (Lise Meitner e Otto Frisch) fizeram outras descobertas chave. Eles explicaram porque nenhum elemento estável além do urânio existia naturalmente. E ela foi a primeira a ver que o E = mc2 de Einstein explicava a fonte enorme de energia na decomposição atômica, pela conversão da massa em energia. O que desencadeou a corrida durante a segunda guerra mundial para a construção da bomba atômica.
Os dois cunharam o termo “fissão nuclear” quando publicaram o trabalho “Desintegração do Urânio pelos nêutrons: um novo tipo de reação nuclear” na revista Nature, em 11 de fevereiro de 1939. No entanto, eles ainda foram ignorados quando se tratou da premiação do Prêmio Nobel de Química de 1944. Só Hahn recebeu o prêmio. Mas, outras honras chegariam na história de Lise. Ela recebeu muitos prêmios tardiamente:
- Elemento 109, o mais pesado do universo, nomeado Meitnerium (meitnério) em sua homenagem pela IUAPAC.
- Sua foto apareceu em um selo austríaco em 1978.
- Ela recebeu muitos doutorados honorários e lecionou em Princeton, Harvard e outras universidades americanas. Em 1946, ela foi nomeada “Mulher do Ano” pelo National Press Club em um jantar com o presidente Harry Truman. - A Sociedade Alemã de Física concedeu-lhe a Medalha Max Planck em 1949. Lise não foi incluída no prêmio Nobel, mas dividiu o Prêmio Enrico Fermi, em 1966, com Otto Hahn e Fritz Strassmann, pela descoberta da fissão nuclear.
Inspire-se!
- Beatriz Rocha





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