Mulheres que Inspiram - Sonja Ashauer

Sonja Ashauer foi a primeira brasileira a receber o título de doutora em física. Ela era filha de um casal alemão, nascida em São Paulo em 9 de abril de 1923. Segundo registros, desde criança ela era dotada de grande inteligência, e o pai sempre a incentivou a estudar e fazer descobertas.

Depois de terminar os estudos secundários na Escola Estadual de São Paulo, ela prestou o vestibular e passou, no ano de 1940, para o curso de física da USP – não tinha nem 17 anos na época. Formou-se bacharel apenas 2 anos depois. Ela fez parte do primeiro grupo brilhante de físicos e físicas da USP.

Com um histórico escolar impecável e considerada uma das melhores alunas do curso de física, Sonja recebeu uma bolsa para estudar em Cambridge assim que terminou a Licenciatura, em 1945. Seria orientada pelo vencedor do Nobel de Física de 1933, Paul Dirac. Lá, enfrentou tempos difíceis, porque até então as mulheres em Cambridge só tinham direito de cursar até o bacharelado, e as pós-graduações eram reservadas ao público masculino – uma situação que só mudou em 1948, às vésperas de Sonja receber seu título de PhD.

Pelo seu brilhantismo, Sonja conseguiu se tornar membro da Cambridge Philosophical Society – foi a primeira mulher brasileira a conseguir esse feito. Todos os físicos contemporâneos da Dra. Ashauer deram declarações reconhecendo sua incrível competência para a física teórica.

Em fevereiro de 1948, Sonja defendeu sua tese de doutorado intitulada Problems on electrons and electromagnetic radiation e publicou três trabalhos considerados muito bem escritos sobre a radiação do elétron em movimento, que saíram em importantes publicações científicas de Cambridge. Ainda no mesmo ano, recusando um convite de Dirac para continuar em Cambridge, ela resolveu voltar ao Brasil para retomar o trabalho na USP. Infelizmente, poucos meses depois de retornar, em 21 de agosto de 1948, Sonja Ashauer faleceu em decorrência de uma broncopneumonia seguida de colapso cardíaco. Ela só tinha 25 anos.

Infelizmente, uma morte tão precoce privou o mundo de uma mente tão brilhante. Agora, nos resta dividir com todos sua história, para que ela não seja esquecida!

- Por Beatriz Rocha