Resenha - A Casa dos Muitos Caminhos - Diana Wynne Jones

"Charmain vive uma confortável e tranquila rotina – não tira os olhos dos livros não tem tarefas domésticas e, principalmente, é muito mimada pelos pais... Até que tia Semprônia lhe pede que cuide da casa do seu tio-avô, o Mago Norland, durante sua ausência.

Ela imagina que a tarefa, no fim, valerá a pena – afinal, esta é sua única chance de sair de casa e tentar trabalhar na Biblioteca Real, seu maior desejo. Mas as tarefas domésticas das quais Charmain deve se ocupar são, naturalmente, quase todas mágicas. E, embora precise arrumar a bagunça que o tio-avô deixou, ela não entende absolutamente nada sobre magia!

Ao abrir a porta da casa, Charmain passa a ser responsável não apenas pelo lugar, mas também por um cachorro mágico, Desamparada, e um muito atrapalhado aprendiz de mago, Peter. A aventura fica ainda mais arriscada quando a menina se torna alvo de uma aterrorizante criatura, e junta-se a uma equipe que vai ajudar o rei e a princesa a encontrar o misterioso dom de Elfo perdido. "

Se em "O Castelo no Ar", alguns leitores possam ter sentido falta do ambiente de "O Castelo Animado", nesse terceiro e último volume da trilogia os elementos do primeiro livro estão presentes em peso!

"A Casa dos Muitos Caminhos", é, antes de tudo, uma história de amizade. Diferente dos volumes anteriores, onde a trama se desenvolvia ao redor de relacionamentos românticos, aqui acompanhamos Charmain, Peter e Desamparada enquanto aprendem a conviver juntos na casa do mago Norland. Dentre as aventuras e conflitos vividos pelos personagens, podemos ver como a amizade entre eles é o que faz dar tudo certo no final.

Outro aspecto muito interessante, é sobre o modo como Diana tenta entreter o leitor, ao invés de preocupá-lo. Na resenha de "O Castelo Animado", ao falar das diferenças entre o filme Ghibli e o livro de Jones, acabei deixando de fora o fato de que no filme, as ações dos personagens e os conflitos ao redor deles são tratados com muito mais seriedade. Diana Wynne Jones, ao contrário, faz do livro uma espécie de fantasia/comédia, procurando deixar a leitura mais leve e divertida, o que pra mim é fantástico.

Sob esse ponto de vista, acho importante ressaltar a originalidade da autora. Essa trilogia é, em resumo, sem nexo (🤣). No mundo de Sophie e Howl tudo pode acontecer, e tudo é completamente inesperado. Na minha opinião, "A Casa dos Muitos Caminhos" é o livro mais extraordinário, pois Diana combina tudo o que ela já havia construído nos volumes anteriores e acrescenta um pouco mais nesse terceiro livro. Isso poderia até ser um problema, mas aqui, a autora escreve com tanta maestria que o leitor não fica perdido -e indo além, você consegue entender todos os elementos fantásticos como se eles fizessem todo o sentido do mundo, quando na verdade não fazem (kkkkkk).

"A Casa dos Muitos Caminhos" é o desfecho perfeito para uma trilogia "fora de série". Recomendo fortemente que leiam Diana Wynne Jones pelo menos uma vez na vida 💖

⭐⭐⭐⭐⭐❤️

- Por Beatriz Rocha