Resenha - Alice No País das Maravilhas - Lewis Carroll
- Beatriz Rocha
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- Aug 9, 2022
- 3 min read
" O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?
Isso depende muito de para onde você quer ir - respondeu o Gato.
Não me importo muito para onde - retrucou Alice.
Então não importa o caminho que você escolha.”
Alice No País das Maravilhas é, sem sombra de dúvidas, meu livro favorito. Ele é intrigante, fantástico, maluco, e não faz sentido algum! Dentre diálogos esquisitos, personagens únicos e cenários maravilhosos, Lewis Carrol consegue nos contar sua história sem que ela, necessariamente, te leve para alguma conclusão específica.
Carrol foi, além de escritor, matemático e lógico. Ao tomar como base um sonho de Alice para escrever sua história, ele assume total liberdade para contar o que quiser, sem a exigência de que as ações dentro do livro tenham nexo. Contudo, isso não significa que Lewis tenha se livrado da verossimilhança. Por mais absurda que a narrativa se proponha a ser, o autor consegue fazer com que a proposta inicial seja cumprida: Alice dorme, sonha com um lugar fantástico e no final acorda para descobrir que aquilo não aconteceu de verdade.
Inspirada em uma menina real, Alice é um "show" à parte. A personagem principal do livro nos fascina com sua mente extremamente imaginativa, e com sua curiosidade em relação ao novo. Apesar de que em alguns momentos ela possa ser atrevida e muito enxerida, o seu carisma e personalidade vívida fazem dela uma das personagens com a qual eu mais me identifico.
Aliás, o que não falta nessa história são personagens divertidos. Desde aqueles que aparecem em apenas uma página, até os que ficam até o final, todos tem personalidades cativantes - seja no bom ou mal sentido. A Lagarta Azul, o Chapeleiro, a Lebre, o Gato de Cheshire, a Rainha...
Também gosto de ressaltar a maestria com que o autor consegue adaptar a menina Alice para a personagem Alice. O modo como Carroll traduz as ações e pensamentos dela é genial! Ele consegue fazer com que a narrativa seja fiel ao modo como uma criança vê o mundo ao seu redor.
E o que falar do País das Maravilhas? A riqueza de detalhes, a extravagância, e os absurdos deste lugar deixam o livro ainda mais encantador. É precioso a maneira como este mundo é construído à medida que Alice vai se aventurando por lá - em um primeiro instante parece ser algo completamente "fora do normal", mas ao ler cuidadosamente, é possível perceber várias referências à realidade da Inglaterra no período em que foi escrito (Por exemplo, a Rainha de Copas foi Inspirada na Rainha Victória)
É importante destacar que como em qualquer outra obra deste tipo, o autor deixa livre interpretação para os leitores. Muitos preferem encarar a história como o que ela é, mas alguns gostam de procurar mensagens escondidas pelas páginas. Pessoalmente, acredito que ao sonhar com o País das Maravilhas, Alice cria para ela seu tão desejado mundo: Um lugar onde tudo o que é, não é, e tudo o que não é, é. Desse modo, ela escapa do ambiente do mundo real onde as pessoas são "sem-graça" e não sabem apreciar a magia de imaginar e se descobrir.
Nossa personagem principal gosta de quem ela é: Esquisita, curiosa, aventureira. Alice não deixa que ninguém a diga quem ela deve ser, ou que a obriguem a largar sua personalidade só por quê é diferente. E o País das Maravilhas nada mais é do que seu refúgio, onde ela pode estar com pessoas que são como ela, e onde todos podem celebrar quem são. Assim como AURORA canta em sua música "Cure For Me", o livro "Alice No País das Maravilhas" faz com que o leitor encontre um lugar para ele, onde ele possa dizer "I don't need a cure for me!"
- Beatriz Rocha.





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